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Pais Superprotetores, Filhos Fracos

Começamos pela parte consciente da mente humana, o ego é responsável pelo pensamento, atenção, memória e juízo crítico. Sua formação é um processo que inicia nos primeiros anos de vida como fruto das experiências, hábitos e valores morais absorvidos nas relações sociais, e os primeiros contatos com essas interações sociais começam pelos pais, que desempenham papel importante na construção do ego de seus filhos. Agora, vale ressaltar, pais tóxicos acabam influenciando de forma negativa na formação do ego ao protegerem, excessivamente, seus filhos.

Precisamos entender que cabe aos pais ensinarem regras e limites aos filhos, no entanto, está cada vez mais difícil dizer ‘não’, e como consequência temos uma geração de jovens com dificuldade para lidar com suas frustrações. Como já disse nas minhas redes sociais, nossos filhos aprendem pela técnica do espelhamento, ou seja, aproximadamente a partir dos 2 anos de idade a criança começa a perceber que é um indivíduo separado da mãe e começa a aprender pela repetição que vê dos atos no ambiente de convívio.

A influência dos pais e do meio socioeducativo está intimamente ligada ao que Freud denominou ‘formação ideal do ego’. A repetição de hábitos pela criança é o conjunto de querer aprender, porém, de forma segura, então, na mente da criança, repetir as ações dos pais é uma forma de se desenvolver de forma "segura".

Também mencionado nas minhas redes sociais, nossos filhos, quanto mais jovens são, maior será a dificuldade para que resistam às tentações pois, conforme estudos neurocientíficos, a área do cérebro que predomina as fases iniciais é a do cérebro direito, ou seja, o cérebro ligado às emoções. Já as áreas cerebrais responsáveis pelo planejamento e pela lógica, como o córtex pré-frontal, só concluem seu desenvolvimento pleno na adolescência.

Os aspectos biológicos e os sociais são causas que interferem, de forma direta, na construção da mente humana até que o indivíduo atinja a maturidade, que é caracterizada pela capacidade consciente de dominar seu comportamento e seus impulsos. Quando há uma superproteção dos filhos e a incapacidade de impor limites, a maturidade pode ser afetada, gerando "crianças mimadas".

Existem alguns motivos que podem justificar este comportamento dos pais. A primeira delas pode ser por causa da inserção da mãe no mercado de trabalho, por exemplo, isso faz com que a carência de tempo seja compensada pela necessidade de agradar os filhos a fim de amenizar a ausência.

Outro fator é dar tudo o que os filhos querem, me refiro à coisas materiais, por não ter tido com seus pais. Veja, quantos pensam: Vou ser um pai, ou uma mãe melhor? O grande fato dessa questão é que os pais depositam na materialidade aquilo que de fato lhes faltou, momentos de interação e afeto com seus pais.

Além dos mencionados acima, não posso deixar de falar da tecnologia. Quando os pais permitem que seus filhos passem muito tempo diante das telas, intertidos, as vezes até para "acalmá-los" ou distraí-los, os pais perdem a oportunidade de participarem mais ativamente da educação da criança, ensinando seus filhos a entenderem suas emoções e lidarem com suas frustrações, medos e inseguranças.

Os pais superprotetores parecem ter receio de perderem o amor de seus filhos, é mais válido dizer sim para tudo do que não. A criança aprende que basta espernear, chorar ou dar uns gritos e seus pais logo saem em seu socorro, como se estivessem, de fato, diante de um perigo eminente.

Acredite, é seu dever impor limites, mostrar que ele pode ir até certo ponto e se passar, haverá consequencias. A criança precisa aprender, e é através dos pais, que a vida é feita de escolhas e que cada escolha haverá uma consequência, porém, haverá consequências desagradáveis mas que os levarão ao próximo nível.

Quando a criança ouve o ‘não’, ela vai querer saber o motivo e isto demanda tempo dos pais para explicar o motivo. Tenha paciência, explique os motivos, isso precisa fazer sentido em sua cabecinha, além de você criar um conceito de deixar com que ela questione para saber se está certa ou errada, isso a ajudará muito no futuro. Portanto, nada de dizer "porque é não e pronto". Lembre-se, isso precisa fazer sentido e além do mais, você estará ensinando seus filhos a entenderem como funciona o mundo.

Por fim, preciso falar da consequência da falta de limite das crianças. Quando você não impõem limites, ela tem uma formação de um ego enfraquecido, e como produto disso, vem a falta de flexibilidade frente as dificuldades para lidar com os problemas da vida real, e que está repleta de demandas diárias como filas, trânsito, horários, respeito hierárquico e que, portanto, exigem maturidade e resiliência das pessoas. E esse grau de maturidade começa a ser construído quando ainda somos crianças.

Concluo dizendo: Deixe seus filhos terem as próprias experiências, como disse uma vez, Carl Gustav Jung, "A criança está destinada para o mundo, e não para continuar a ser sempre apenas os filhos de seus pais". A ligação muito forte aos pais constitui impedimento direto para a acomodação futura no mundo. Lembre-se a diferença entre o remédio e o veneno está na dose.

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© 2023 por Alex Vieira

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